Qual é a diferença entre joias, semijoias e bijuterias?
Existe uma peculiaridade entre joias, semijoias e bijuterias que todo mundo logo percebe: as primeiras são caríssimas, as últimas, bem baratas. Entre umas e outras, as semijoias custam mais que as bijuterias, mas muito, muito menos que as joias.
Isso, contudo, é consequência das diferenças que existem entre as 3 categorias de acessórios, e não o motivo. Assim, a pergunta permanece: qual é a diferença entre joias, semijoias e bijuterias?
Essa parece ser mais uma dúvida que interessa apenas a quem está diretamente envolvido no ramo. Mas, não: estamos falando de produtos de consumo, e saber como fazer uso correto do dinheiro, adquirindo artigos que melhor satisfaçam nossas necessidades, é uma atitude economicamente consciente.
Assim, para mantê-los bem informados sobre temas que, de algum modo, afetam o seu dia a dia, vou apontar as diferenças entre joias, semijoias e bijuterias: quais as principais características, as vantagens de cada categoria e como elas mexem na oferta, preço e qualidade dos produtos.
Do que são feitas joias, semijoias e bijuterias?
Se você estiver procurando uma peça de ouro maciço ou de pura prata, para citar os metais nobres mais conhecidos, não há dúvida: o que você deseja é uma joia.
E essa é a principal diferença entre esses 3 tipos de acessórios: enquanto uma joia genuína é desenhada exclusivamente sobre material de primeira (platina também entra nessa categoria), as semijoias e bijuterias têm como base de fundição metais menos nobres, recebendo uma camada externa de metal precioso (no caso das bijuterias, isso normalmente não ocorre).
Desse modo, enquanto uma joia é toda feita de metal precioso (justificando em boa medida o seu alto valor), a semijoia é fruto de uma sobreposição de metais variados.
A semijoia…
A base da semijoia é constituída de latão, sobre a qual é aplicada uma camada intermediária de metal como cobre, bronze, níquel ou paládio. A essa liga é acrescentado um “banho” de ouro, (daí o fato de se dizer que a semijoia é folheada a ouro).
A espessura do banho depende de cada fabricante e é um indicativo de qualidade. Quanto mais milésimos de ouro tiver, maior a durabilidade da peça. Uma semijoia com 8 a 10 milésimos de ouro é considerada de excelente qualidade.
E a bijuteria?
A bijuteria é geralmente constituída apenas de material menos nobre. Algumas, de melhor qualidade, recebem uma ligeira camada de ouro — o que é chamado de “banho flash”.
Entretanto, o mais comum é a bijuteria ganhar um verniz de tinta dourada imitando ouro. Em razão disso, bijuterias oxidam muito facilmente, uma vez que o material com que são feitas não é dos mais resistentes.
O “vilão” níquel
Outro importante indicativo de qualidade de uma semijoia é o selo “níquel free”. Isso porque o níquel é um produto que pode causar séria irritação na pele, embora ainda esteja presente na fabricação de muitas semijoias (especialmente as “made in China”).
A ausência de níquel, portanto, indica que a semijoia em questão é antialérgica, o que demonstra a preocupação do fabricante com a qualidade de suas peças.
E quais pedras entram na composição desses acessórios?
Poderíamos resumir a conversa dizendo que você não encontrará um diamante, rubi, esmeralda ou safira enfeitando uma semijoia (que dirá uma bijuteria).
Novamente, as joias têm exclusividade na aplicação de pedras mais valiosas. Às semijoias é reservado o uso de pedras semipreciosas — como as famosas pedras brasileiras — e gemas sintéticas, como a zircônia, pérolas de fabricação industrial e vidros lapidados.
As pedras que se vê nas bijuterias são imitações feitas de plástico. Esses apliques são colados às bijuterias, além de descascar a tinta com relativa facilidade, costumam se desprender da peça tão logo ela seja usada.
Joias e semijoias, por seu turno, usam um processo de engate das pedras que é conhecido como cravação: são pequenos ganchos fundidos ao metal que evitam que os apliques caiam. Trata-se de um procedimento mais seguro, visto que ninguém quer ter uma pedra de relativo valor rolando por aí.
O que são Pedras Naturais, Sintéticas e Cristais Artificiais?
As pedras naturais foram formadas há milhares de anos e são extraídas da natureza por processos de mineração. As pedras utilizadas na joalheria são apreciadas pela beleza e raridade, o que lhes confere valor diferenciado no mercado. Para serem utilizadas em uma joia ou semijoia de qualidade, são selecionadas, cortadas e lapidadas em processos usualmente manuais, que envolvem tempo, equipamento apropriado e técnica (cada pedra pode levar mais de 5 horas de trabalho manual para a lapidação). Assim, constituem peças únicas, e, portanto, exclusivas.
As pedras sintéticas são cópias de pedras naturais, que utilizam normalmente vidro, corantes e materiais plásticos na sua composição. Os materiais plásticos são normalmente utilizados em bijuterias, sendo pouco aceitos em semijoias. Os vidros se dividem em dois grupos: os lapidados à mão e os injetados em equipamentos automáticos. Apenas os lapidados à mão costumam ser utilizados em semijoias de qualidade aceitável, mas esta prática deve sempre ser alertada ao consumidor pelo vendedor. As pedras sintéticas normalmente não possuem a mesma resistência de uma pedra natural.
Os cristais artificiais mais comuns são as zircônias e os cristais espelhados de marcas como Swarovsky. As zircônias, apesar de serem sintéticas, possuem dureza e brilho que as tornam substitutas eficazes do diamante na semijoia. Atualmente zircônias têm sido utilizadas também em joias de ouro maciço. Os demais cristais sintéticos costumam ser utilizados em bijuterias e em algumas semijoias.
Como diferenciar uma pérola natural de uma pérola falsa?
Para responder a esta questão, podemos diferenciar quatro classes principais de pérolas:
- As pérolas naturais são formadas por ostras. Nascem do lento encapsulamento de grãos de areia que irritam seu corpo no interior da concha. As pérolas naturais coletadas são bastante raras, com uso restrito a joalheria.
- Pérolas cultivadas são obtidas pelo mesmo processo, com a diferença de nascerem de uma base pré-formada colocada manualmente no interior da ostra. Assim não podem ser consideradas falsas. Atualmente mais de 90% das pérolas naturais comercializadas são cultivadas. É muito difícil diferenciá-las das coletadas. Consegue-se isto com exames de raio x ou partindo a pérola para medir as camadas.
- Pérola shell é fabricada com um substrato de porcelana ou resina recoberto com um composto formado com o pó da parte interna da concha da ostra. Pela qualidade física e visual tem valor de mercado muitas vezes superior à pérola natural cultivada.
- A pérola plástica é obtida por processo mecânico de injeção e pintura posterior.
Design exclusivo x produção industrial
Normalmente, joias são peças únicas, trabalhadas com maestria artesanal por joalheiros profissionais. São, portanto, peças exclusivas.
As semijoias, embora não contem com o mesmo labor e tenham uma lógica de produção mais industrial, são feitas segundo rigorosos critérios de qualidade. Como resultado, é muito difícil distinguir uma joia de uma semijoia (ou “quase joia”).
Já as bijuterias são produzidas em larga escala para consumo massivo. Sua preocupação com design é infinitamente menor. Sem contar que uma boa parte dos produtos que abastecem o mercado de bijuterias é proveniente da China, o que não é exatamente uma referência de qualidade em matéria-prima (lembra do níquel?) e processos de produção.
O que é mais vantajoso comprar: joias, semijoias ou bijuterias?
Nestas alturas você já compreendeu que joias são feitas com pedras e metais preciosos, que semijoias levam metal precioso em sua composição e que bijuterias são imitações de baixo custo das duas anteriores.
Devemos então concluir que joias são mais vantajosas que as demais, visto que são mais valiosas? Não exatamente.
Para além do fato de que você precisa de um bolso fundo para investir em joias, o mais inteligente seria mantê-las bem guardadas num cofre. Quando muito, usá-las apenas em situações excepcionais.
Bijuterias, por outro lado, podem ser compradas às dúzias, especialmente para compor looks muito específicos, daqueles que pedem acessórios que, você tem certeza, nunca mais voltará a usar. Ou seja, é possível dispensá-las sem remorso logo após o compromisso. Em suma, são descartáveis.
Mas, se você quiser um acessório que reúna qualidade, beleza e durabilidade sem, contudo, esfolar o seu orçamento, a opção mais racional está na aquisição de semijoias.
Afinal, gostamos de contar com nossas peças de toda hora, de acumular certo número de brincos, anéis e pulseiras para experimentar com diferentes looks, compor visuais e usar sempre que der vontade — sem culpa e sem medo de que o acessório nos deixe na mão justo no melhor da festa.
Agora você já sabe as diferenças entre joias, semijoias e bijuterias. Sabe, também, que semijoias representam o melhor de dois mundos, reunindo beleza e requinte de um lado e economia, do outro.